Ler Tarot para terceiros
- Ana Vitoria
- 30 de jan. de 2016
- 2 min de leitura
Durante uma leitura de Tarot, muitas vezes tenho que reformular as perguntas colocadas.
Perguntas do género "sim ou não" não são apropriadas, já que o Tarot faz uma análise abrangente da circunstância e da energia do momento presente. Perguntas em que o foco é outra pessoa que não o próprio consulente podem ser imediatamente re-direccionadas ou recusadas.

O que leva as pessoas a colocar questões sobre terceiros, seja o namorado, a vizinha, a prima ou a ex-mulher, são dois factores essenciais: por um lado, a pessoa não está focada em si mesma, não está desperta para a sua responsabilidade em tudo o que acontece na sua vida; por outro, uma grande necessidade de controle, que pode chegar a transformar-se em manipulação, da sua própria vida e da vida dos que estão à sua volta. Estes padrões inconscientes podem ser facilmente identificados com as cartas de Tarot.
Seja qual for a intenção, fazer perguntas sobre alguém que não deu o seu consentimento para isso é simplesmente uma violação da privacidade dessa pessoa. Para além da questão ética, perguntas sobre outros não trazem nada de verdadeiramente útil ou construtivo para o/a consulente.
Como exemplo comum, as perguntas relacionadas com situações de divórcio. Afinal, para que serve saber se o ex-marido já tem outra relação ou como está a correr o seu negócio? Mais útil será procurar entender como esta situação pode servir de crescimento, focar-se em si mesma e desenvolver formas de seguir em frente.
Um caso real que recusei foi o de uma jovem mulher, a rondar os 25 anos, que marcou uma sessão presencial. Rapidamente se tornou claro que a preocupação dela era a recente relação do irmão mais velho com uma mulher que nem ela nem a mãe aprovavam, e todas as perguntas desta jovem tinham o mesmo propósito: saber mais sobre aquela relação e, de preferência, como tirar o irmão, cito, "das garras daquela maluca".
Claro que a consulta terminou por ali. Esta pessoa não estava minimamente desperta para si mesma, muito menos para o potencial do Tarot como ferramenta evolucionária.
Para além da privacidade, a questão ética é mais complexa do que parece, visto que acarreta também o peso kármico de interferir com o livre-arbítrio de alguém, neste caso, a pessoa que não consentiu a leitura. Ao ir contra a sua vontade, estamos a criar mais karma para nós e também para o próprio consulente. Uma questão complexa, que abordarei num futuro post.
Um último ponto sobre este tema: há também que ter em conta que, ao fazer uma leitura para alguém que não está presente, o resultado poderá não ser muito preciso. Convém ter em conta que a energia da pessoa que está presente será sempre dominante e pode interferir com os resultados
Resumindo: utilize o Tarot de forma honesta, criativa e construtiva, sem criar expectativas, focando-se no seu processo individual, procurando ter sempre uma mente aberta e disponível a mudar para melhor!
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